quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Post 8: Ditadura da verdade: A batalha de Argel

Depois de quase um mês "no ar" inauguro hoje no Tanto Faz! a sessão cinema.
Abaixo publico resenha de um filme fundamental para todos nós amantes do bom cinema.
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A BATALHA DE ARGEL
Diretor: Gillo Pontecorvo
Ano: 1966

A batalha de Argel é um filme que confronta a violência política. Nessa dolorosa obra sobre a intolerância do poder armado, o diretor italiano, Gillo Pontecorvo, condena duramente o colonialismo.
Nesse filme o expectador tem sempre a impressão de que está vendo algo real, ou melhor, tem-se a impressão de que se está assistindo a um documentário com imagens de época. Pontecorvo esclarece, em entrevista que acompanha a versão em DVD, que para construir essa atmosfera tão verossímil optou por trabalhar a fotografia em Preto e Branco com grãos visíveis como recurso para imprimir esse aspecto documental (como o dos cinejornais) que chamou “ditadura da verdade”. Aliado a esse aspecto técnico optou também por trabalhar com atores Argelinos não profissionais.
É dessa maneira que é contada a história de um povo em busca de seu desvencilhamento da servidão instaurada pela França imperialista e que ao preço de muitas mortes, torturas e atentados, ao longo de uma batalha que durou 7 anos obteve sua independência.
Um momento bastante significativo do filme é quando[1] dois membros da Frente de Libertação Nacional (FLN) conversando sobre a greve promovida pelo grupo refletem sobre a importância do ato, e então surge um comovente e determinado depoimento:

"Atos de violência não vencem guerras e nem revoluções. O terrorismo serve para começar, depois o povo todo deve agir. É para isso que serve a greve, para mobilizar os argelinos e avaliar a nossa força. Começar uma revolução é difícil. Mais difícil ainda é continuá-la e, o pior dde tudo, é vencê-la. Mas é depois, quando tivermos vencido que começarão as dificuldades."


Esse, é um filme que retrata tanto as conseqüências do neocolonialismo nos países dominados quanto o poder que possui os movimentos de resistência.
Outro aspecto importante nesse filme é o fato de se manter tão atual mesmo após anos de seu lançamento. É impossível, por exemplo, assistir A batalha de Argel e não atualizar em nossas mentes o conflito ocorrido entre França X Argélia para o recente confronto Estados Unidos X Iraque.
No filme vemos um momento em que a resistência da Frente de Libertação Nacional promove uma greve de uma semana para chamar a atenção de autoridades internacionais para o fato de que a nação está unida no propósito de se alcançar independência e restauração do estado argelino. Essa tentativa de conseguir apoio de entidades como a ONU vê-se frustrada e se atualiza também na inoperância da organização mundial frente à invasão dos Estados Unidos ao território Iraquiano.
Repulsa ao imperialismo colonizador e atualidade estão presentes nesse monumento cinematográfico.

Daniel Oliveira


[1] O evento mencionado ocorre aos 67 min do filme.


quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Post 7 DOIS MUNDOS

"Tem gente que é tão pobre, mas tão pobre, que só tem dinheiro!"
(P.de Lara)

Podemos dizer também:
Tem gente que é tão pobre, mas tão pobre que só tem um cargo público.
Tem gente que é tão pobre, mas tão pobre que só tem fama.
Tem gente que é tão pobre, mas tão pobre que não tem nem a si mesmo.


(singela homenagem ao belíssimo texto de Daniel)

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Post 6: o cara rico, o rolex e o bandido. Dois mundos

Como denuncia o título desse blog, aqui o assunto é arte. Não importa qual o tipo de manifestação artística...cinema, poesia, artes visuais...tanto faz!

Tudo isso é para chegar ao seguinte ponto. A notícia nem é mais tão verdinha assim, de todo modo, dias atrás um sujeito rico dentro de um belo carro, aliás... o próprio declara ter desistido da idéia de andar de carro blindado porque acha que assim está dando uma chance para a cidade, ou algo do tipo (uma bobagem). Enfim, o cara rico andava por um bairro “nobre” de São Paulo (Jardins) e foi abordado por um profissional do crime, um correria (como define o linguajar da periferia). O cara rico escreveu um artigo sobre o acontecimento e um dos maiores jornais do país o publicou sob o título “Pensamentos quase póstumos”, que na minha opinião até que é um texto bem escrito, um texto esforçado eu diria.

Dias depois, um escritor – esse sim – profissional, publica no mesmo importante jornal, uma espécie de resposta sob o título “Pensamentos de um ‘correria’”. Pronto o circo estava armado e eu – confesso - adorei! Ahhh esse sim, um texto delicioso, perspicaz, provocativo... Literatura da melhor qualidade!

Aí você me pergunta por qual motivo falo disso aqui se a essas alturas já deve estar claro que não me proponho a fazer nenhum discurso social ou político por aqui. Acontece que uma passagem em especial no texto do bacana, que revoltado por ter ficado sem o rolex de uns dez mil, dizia sobre os ladrões: “Provavelmente não tiveram infância e educação, muito menos oportunidades. O que não justifica ficar tentando matar as pessoas em plena luz do dia. O lugar deles é na cadeia.”

A resposta a esse comentário foi cortante. Disse o escritor, o profissional: “Teve infância, isso teve, tudo bem que sem nada demais, mas sua mãe o levava ao circo todos os anos, só parou depois que seu novo marido a proibiu de sair de casa. Ela começou a beber a mesma bebida que os programas de TV mostram nos seus comerciais, só que, neles, ninguém sofre por beber.”

Esse circo todo me fez lembrar de um texto, sobre os dois mundos que existem em um só Brasil, que mofava em minha gaveta. Demorei para encontrá-lo mas insisti e aqui está.

Daniel Oliveira

Clique na imagem para ampliar "Dois Mundos".


para ler os referidos textos clique nos links abaixo:

Pensamentos quase póstumos - Luciano Huck
pensamentos quase póstumos


Pensamentos de um "correria" - Ferréz
pensamentos de um "correria"

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Post 5 Poema I.N.I




Um poema I.N.I para uma tarde que tem gostinho de bom vinho, Blues e carinho.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Post: 4 Primeira Ilustração Inista Brasileira


I.N.I Sigla de Internacional-Novo-Infinitesimal
x
Figura + letras =Internacional
Conto do Aristides Theodoro+Ilustração = Novo
Técnica e suporte= Infinitesimal
Inismo considerado o Ismo do Milênio segundo a Universidade de Literatura e Língua Estrangeira G.d'Annúnzio- Pescara- Itália - http://www.inismo.it/

domingo, 14 de outubro de 2007

Post 3: Dor-de-cotovelo, serotonina e improviso (O homem que não sabia viver)

Minha improdutividade essa noite durou até umas duas horas. 2:15 a.m para ser mais exato. Uma insônia brava, um mau humor e dor-de-cotovelo insuportáveis.

Tudo melhorou quando pulei da cama e fui à cozinha pegar algo para morder. Fui logo em um bom pedaço de pão. O “deslize” na dieta era autorizado pela conversa ocorrida dois dias antes com minha sobrinha que é uma menina inteligente e bastante interessada por nutrição. Bem... ela (a sobrinha) me falava sobre os benefícios da produção de serotonina, pelo organismo, após comer um bom pedaço de pão. Comi!

Talvez, não sei... talvez boa parte do mau humor tenha sido motivado pela fome que sentia àquela hora da noite (é, algumas pessoas ficam terrivelmente mau humoradas quando estão com fome).Talvez, qualquer outra coisa que comesse teria o mesmo efeito, ou ainda pode ser que a tal da serotonina esteja realmente “fazendo efeito” e me ajudando melhorar dessa dor-de-cotovelo que me mata. Enfim, comi e vou repetir!

[pausa para voltar à cozinha...]

Ainda mastigando, pensando que agora possivelmente eu já tenha bastante dessa serotonina e, ainda não refeito, mas já melhor da dor-de-cotovelo (que apesar de já ser a terceira vez que cito, não vem ao caso esclarecer) quero saudar o leitor que conosco inaugura essa semana o Tanto Faz! que é um blog sobre arte e contará com atualizações semanais feitas ora por mim, ora pela querida, multifacetada e generosa Neli Vieira.

Já são quase três da manhã e ao som do elegante walking bass de Ron Carter enquanto Herbie Hancock – sem muito esforço – rouba minha concentração com um desconcertante improviso em “The Sorcerer” fico aqui tentando decidir que texto irei publicar.

Agora, já passam das três... o piano de Hancock já se calou e eu como em um improviso onde já se tem (isso é a mais pura malandragem dos músicos) algumas cartas debaixo da manga, algumas frases prontas que sempre caem bem nesse ou naquele acorde, vou mandar aqui um texto curto, um conto fantástico que há tempos está na gaveta.

É isso, boa leitura e volte sempre!

Daniel Oliveira


[nota: esse depoimento foi redigido na madrugada, véspera de feriado - 12 / outubro - e só publicado agora pelo simples fato de eu ter um computador “um pouco” (isso é puro eufemismo) barulhento e em nome do bem comum evito passar as madrugadas com ele ligado. É assim....]

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O homem que não sabia Viver.

Estava prestes a completar meus 60 anos, em apenas uma noite esse fato iria se consumar. Fui me deitar na expectativa de amanhecer já com a nova idade. Durante toda a noite me mexi de um lado ao outro sem conseguir pegar no sono. Como não consegui dormir comecei a me lembrar da juventude, lembrei do que não tive. Entendi que passei toda a vida em busca de sucesso e dinheiro.


[um sorriso triste se esboçou no rosto desse, em breve, sexagenário]


É, acho que consegui, tenho respeito, sucesso, dinheiro... E a noite lá fora era cada vez mais escura e parecia não acabar. Não dormia! Algo em mim fervilhava e acontecia um não sei. O que sei é que o sono não veio e jamais acordei.


Daniel Oliveira



sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Post 2 -O importante é fazer




Tente

Seja
ao menos uma vez
um recorte do universo
uma composição do acaso
um descaso dos deuses

Tente
ao menos uma vez
codificar relações
assimilar dimensões
cair aos pedaços

Seja
um fragmento
parte de um todo
um mistério
anexado ao futuro

Ou
nem tente
continue neutro e urbano

Post 1: Mão que Tanto Faz!

Mão que tanto faz! é uma intervenção realizada pela parceria Neli/Daniel em trabalho original de Rafik Farah.