terça-feira, 23 de outubro de 2007

Post 6: o cara rico, o rolex e o bandido. Dois mundos

Como denuncia o título desse blog, aqui o assunto é arte. Não importa qual o tipo de manifestação artística...cinema, poesia, artes visuais...tanto faz!

Tudo isso é para chegar ao seguinte ponto. A notícia nem é mais tão verdinha assim, de todo modo, dias atrás um sujeito rico dentro de um belo carro, aliás... o próprio declara ter desistido da idéia de andar de carro blindado porque acha que assim está dando uma chance para a cidade, ou algo do tipo (uma bobagem). Enfim, o cara rico andava por um bairro “nobre” de São Paulo (Jardins) e foi abordado por um profissional do crime, um correria (como define o linguajar da periferia). O cara rico escreveu um artigo sobre o acontecimento e um dos maiores jornais do país o publicou sob o título “Pensamentos quase póstumos”, que na minha opinião até que é um texto bem escrito, um texto esforçado eu diria.

Dias depois, um escritor – esse sim – profissional, publica no mesmo importante jornal, uma espécie de resposta sob o título “Pensamentos de um ‘correria’”. Pronto o circo estava armado e eu – confesso - adorei! Ahhh esse sim, um texto delicioso, perspicaz, provocativo... Literatura da melhor qualidade!

Aí você me pergunta por qual motivo falo disso aqui se a essas alturas já deve estar claro que não me proponho a fazer nenhum discurso social ou político por aqui. Acontece que uma passagem em especial no texto do bacana, que revoltado por ter ficado sem o rolex de uns dez mil, dizia sobre os ladrões: “Provavelmente não tiveram infância e educação, muito menos oportunidades. O que não justifica ficar tentando matar as pessoas em plena luz do dia. O lugar deles é na cadeia.”

A resposta a esse comentário foi cortante. Disse o escritor, o profissional: “Teve infância, isso teve, tudo bem que sem nada demais, mas sua mãe o levava ao circo todos os anos, só parou depois que seu novo marido a proibiu de sair de casa. Ela começou a beber a mesma bebida que os programas de TV mostram nos seus comerciais, só que, neles, ninguém sofre por beber.”

Esse circo todo me fez lembrar de um texto, sobre os dois mundos que existem em um só Brasil, que mofava em minha gaveta. Demorei para encontrá-lo mas insisti e aqui está.

Daniel Oliveira

Clique na imagem para ampliar "Dois Mundos".


para ler os referidos textos clique nos links abaixo:

Pensamentos quase póstumos - Luciano Huck
pensamentos quase póstumos


Pensamentos de um "correria" - Ferréz
pensamentos de um "correria"

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