domingo, 14 de outubro de 2007

Post 3: Dor-de-cotovelo, serotonina e improviso (O homem que não sabia viver)

Minha improdutividade essa noite durou até umas duas horas. 2:15 a.m para ser mais exato. Uma insônia brava, um mau humor e dor-de-cotovelo insuportáveis.

Tudo melhorou quando pulei da cama e fui à cozinha pegar algo para morder. Fui logo em um bom pedaço de pão. O “deslize” na dieta era autorizado pela conversa ocorrida dois dias antes com minha sobrinha que é uma menina inteligente e bastante interessada por nutrição. Bem... ela (a sobrinha) me falava sobre os benefícios da produção de serotonina, pelo organismo, após comer um bom pedaço de pão. Comi!

Talvez, não sei... talvez boa parte do mau humor tenha sido motivado pela fome que sentia àquela hora da noite (é, algumas pessoas ficam terrivelmente mau humoradas quando estão com fome).Talvez, qualquer outra coisa que comesse teria o mesmo efeito, ou ainda pode ser que a tal da serotonina esteja realmente “fazendo efeito” e me ajudando melhorar dessa dor-de-cotovelo que me mata. Enfim, comi e vou repetir!

[pausa para voltar à cozinha...]

Ainda mastigando, pensando que agora possivelmente eu já tenha bastante dessa serotonina e, ainda não refeito, mas já melhor da dor-de-cotovelo (que apesar de já ser a terceira vez que cito, não vem ao caso esclarecer) quero saudar o leitor que conosco inaugura essa semana o Tanto Faz! que é um blog sobre arte e contará com atualizações semanais feitas ora por mim, ora pela querida, multifacetada e generosa Neli Vieira.

Já são quase três da manhã e ao som do elegante walking bass de Ron Carter enquanto Herbie Hancock – sem muito esforço – rouba minha concentração com um desconcertante improviso em “The Sorcerer” fico aqui tentando decidir que texto irei publicar.

Agora, já passam das três... o piano de Hancock já se calou e eu como em um improviso onde já se tem (isso é a mais pura malandragem dos músicos) algumas cartas debaixo da manga, algumas frases prontas que sempre caem bem nesse ou naquele acorde, vou mandar aqui um texto curto, um conto fantástico que há tempos está na gaveta.

É isso, boa leitura e volte sempre!

Daniel Oliveira


[nota: esse depoimento foi redigido na madrugada, véspera de feriado - 12 / outubro - e só publicado agora pelo simples fato de eu ter um computador “um pouco” (isso é puro eufemismo) barulhento e em nome do bem comum evito passar as madrugadas com ele ligado. É assim....]

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O homem que não sabia Viver.

Estava prestes a completar meus 60 anos, em apenas uma noite esse fato iria se consumar. Fui me deitar na expectativa de amanhecer já com a nova idade. Durante toda a noite me mexi de um lado ao outro sem conseguir pegar no sono. Como não consegui dormir comecei a me lembrar da juventude, lembrei do que não tive. Entendi que passei toda a vida em busca de sucesso e dinheiro.


[um sorriso triste se esboçou no rosto desse, em breve, sexagenário]


É, acho que consegui, tenho respeito, sucesso, dinheiro... E a noite lá fora era cada vez mais escura e parecia não acabar. Não dormia! Algo em mim fervilhava e acontecia um não sei. O que sei é que o sono não veio e jamais acordei.


Daniel Oliveira



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