
Foto de Neli Vieira - Praia Grande SP-11/07
Orgasmo
Estar dentro
De um poema
É ver
Céu e mar
Em uma só cor
É ter
um orgasmo de alma
ao ver
Espuma d'água
e areia
fazendo amor.
blog de cultura, cinema, poesia, artes visuais...tanto faz!
Brincando, correndo de cá para lá e de lá para cá
Suas mães gritando Zelando por suas vidas
Cuidado Menino!
Cuidado Menina!
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Imagino Musas sob o sol, ou
Com seus corpos a transpassar as ondas
E no final da tarde, com as águas mais calmas e
O sol baixinho no céu já indo embora,
como se mergulhasse no imenso azul do mar.
Eu imagino...
____
Em dias de Chuva,
Vejo-me correndo na rua
O aguaceiro despencando sobre minha cabeça
E correndo em fio pelo corpo inteiro.
Ouço os murmúrios das moças galegas,
com água nas canelas secas - ai ui
Ouço a chuva
Parece música
Nos dias frios
Quando ouço dizer: está nublado
Penso sobre o que é nublado
Afinal, não percebo bem o efeito das nuvens.
Percebo o calor do sol,
O geladinho da chuva,
Posso tocar as flores e sentir seu perfume
Mas e as nuvens?
Pego-me então a imaginar cores.
Tons não muito claros,
Não muito escuros
Tons cinzentos que trago na memória dos tempos de infância
Mas não me lembro das nuvens, fico confuso!
Ah, o barulho do trem...
Ouço agora o barulho do trem, que aguardava
...
Em meio a outros tantos ruídos
dessa paisagem sonora que me envolve agora,
percebo um diálogo que discorre num incrédulo
e monocromático olhar sobre o mundo.
Meus pensamentos haviam, então, sido interrompidos.
Eram vozes femininas,
falavam em tom frio e pessimista sobre um mundo que, pelas palavras, pareceu-me opaco, diverso ao modo que eu estava acostumado a imaginar.
Ao som de palavrões, que uma mais exaltada berrava,
Outra, dizia-se iludida, coisas de amor quando não dá certo, quando o coração faz a escolha errada. Contudo, justificava ser essa ilusão, a de que um amor impossível daria certo, o que a mantinha viva.
A amiga ainda exaltada, sem prestar muita atenção ao que a outra dizia, praguejava o maquinista, o trem, os passageiros e reclamava do tempo nublado.
O que fez com que retomasse meus pensamentos...
Pensei que possivelmente esse meu mundo que imagino do escuro, talvez seja muito mais colorido do que, de fato, é o mundo que nos cerca.
Nesse mundo, o real, que talvez seja cão e atordoado pela presença do homem mau
A imaginação como aliada talvez seja saída para a crueza da realidade que nos cerca. Mas sem fechar os olhos, antes abrindo-os bem para assim como eu, um cego, ter coragem para que ainda de lá de dentro do túnel, poder enxergar alguma luz.
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Já chegou minha estação.
A BATALHA DE ARGEL
Diretor: Gillo Pontecorvo
Ano: 1966
"Atos de violência não vencem guerras e nem revoluções. O terrorismo serve para começar, depois o povo todo deve agir. É para isso que serve a greve, para mobilizar os argelinos e avaliar a nossa força. Começar uma revolução é difícil. Mais difícil ainda é continuá-la e, o pior dde tudo, é vencê-la. Mas é depois, quando tivermos vencido que começarão as dificuldades."
Esse, é um filme que retrata tanto as conseqüências do neocolonialismo nos países dominados quanto o poder que possui os movimentos de resistência.
Outro aspecto importante nesse filme é o fato de se manter tão atual mesmo após anos de seu lançamento. É impossível, por exemplo, assistir A batalha de Argel e não atualizar em nossas mentes o conflito ocorrido entre França X Argélia para o recente confronto Estados Unidos X Iraque.
No filme vemos um momento em que a resistência da Frente de Libertação Nacional promove uma greve de uma semana para chamar a atenção de autoridades internacionais para o fato de que a nação está unida no propósito de se alcançar independência e restauração do estado argelino. Essa tentativa de conseguir apoio de entidades como a ONU vê-se frustrada e se atualiza também na inoperância da organização mundial frente à invasão dos Estados Unidos ao território Iraquiano.
Repulsa ao imperialismo colonizador e atualidade estão presentes nesse monumento cinematográfico.
[1] O evento mencionado ocorre aos 67 min do filme.
Como denuncia o título desse blog, aqui o assunto é arte. Não importa qual o tipo de manifestação artística...cinema, poesia, artes visuais...tanto faz!
Dias depois, um escritor – esse sim – profissional, publica no mesmo importante jornal, uma espécie de resposta sob o título “Pensamentos de um ‘correria’”. Pronto o circo estava armado e eu – confesso - adorei! Ahhh esse sim, um texto delicioso, perspicaz, provocativo... Literatura da melhor qualidade!
A resposta a esse comentário foi cortante. Disse o escritor, o profissional: “Teve infância, isso teve, tudo bem que sem nada demais, mas sua mãe o levava ao circo todos os anos, só parou depois que seu novo marido a proibiu de sair de casa. Ela começou a beber a mesma bebida que os programas de TV mostram nos seus comerciais, só que, neles, ninguém sofre por beber.”
Esse circo todo me fez lembrar de um texto, sobre os dois mundos que existem em um só Brasil, que mofava em minha gaveta. Demorei para encontrá-lo mas insisti e aqui está.
Daniel Oliveira
Clique na imagem para ampliar "Dois Mundos".
Tudo melhorou quando pulei da cama e fui à cozinha pegar algo para morder. Fui logo em um bom pedaço de pão. O “deslize” na dieta era autorizado pela conversa ocorrida dois dias antes com minha sobrinha que é uma menina inteligente e bastante interessada por nutrição. Bem... ela (a sobrinha) me falava sobre os benefícios da produção de serotonina, pelo organismo, após comer um bom pedaço de pão. Comi!
Talvez, não sei... talvez boa parte do mau humor tenha sido motivado pela fome que sentia àquela hora da noite (é, algumas pessoas ficam terrivelmente mau humoradas quando estão com fome).Talvez, qualquer outra coisa que comesse teria o mesmo efeito, ou ainda pode ser que a tal da serotonina esteja realmente “fazendo efeito” e me ajudando melhorar dessa dor-de-cotovelo que me mata. Enfim, comi e vou repetir!
[pausa para voltar à cozinha...]
Ainda mastigando, pensando que agora possivelmente eu já tenha bastante dessa serotonina e, ainda não refeito, mas já melhor da dor-de-cotovelo (que apesar de já ser a terceira vez que cito, não vem ao caso esclarecer) quero saudar o leitor que conosco inaugura essa semana o Tanto Faz! que é um blog sobre arte e contará com atualizações semanais feitas ora por mim, ora pela querida, multifacetada e generosa Neli Vieira.
Já são quase três da manhã e ao som do elegante walking bass de Ron Carter enquanto Herbie Hancock – sem muito esforço – rouba minha concentração com um desconcertante improviso em “The Sorcerer” fico aqui tentando decidir que texto irei publicar.
Agora, já passam das três... o piano de Hancock já se calou e eu como em um improviso onde já se tem (isso é a mais pura malandragem dos músicos) algumas cartas debaixo da manga, algumas frases prontas que sempre caem bem nesse ou naquele acorde, vou mandar aqui um texto curto, um conto fantástico que há tempos está na gaveta.
É isso, boa leitura e volte sempre!
[nota: esse depoimento foi redigido na madrugada, véspera de feriado - 12 / outubro - e só publicado agora pelo simples fato de eu ter um computador “um pouco” (isso é puro eufemismo) barulhento e em nome do bem comum evito passar as madrugadas com ele ligado. É assim....]
O homem que não sabia Viver.
[um sorriso triste se esboçou no rosto desse, em breve, sexagenário]
É, acho que consegui, tenho respeito, sucesso, dinheiro... E a noite lá fora era cada vez mais escura e parecia não acabar. Não dormia! Algo em mim fervilhava e acontecia um não sei. O que sei é que o sono não veio e jamais acordei.